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Rubens, 59 anos - Engenheiro.

Meu pai era um homem de inúmeras qualidades: Saudável, culto, carinhoso, honesto, trabalhador, dedicado à família, enfim, repleto de predicados. Tinha, porém, como todos, seus defeitinhos. Um destes era uma péssima audição. Outro defeito era a vaidade. A combinação destes defeitos fez com que ele adiasse por muito tempo a compra e a utilização de um aparelho auditivo. Fez isso, finalmente, com mais de 70 anos.
Dentre os defeitinhos, vamos incluir também uma pitada de avareza. Resultado: quando ele enfim colocou o aparelho, já não conseguiu a melhora esperada, quer seja porque o aparelho não era “assim, uma Brastemp” quer seja porque a perda auditiva acumulada era tamanha que não poderia mais ser corrigida com os recursos de um aparelho auditivo, seja ele caro ou barato.
Em resumo, era tarde demais para ele corrigir o problema. Isso fez com que, nos últimos anos de vida, ele ficasse isolado, perdido no seu silêncio. Era possível conversar com ele, mas exigia do interlocutor um esforço muito grande. Precisava ser num ambiente fechado e com uma única pessoa de cada vez. Num esforço derradeiro, ele ainda tomou aulas particulares de leitura labial. Melhorou um pouco mas o mal já estava instalado: Tratava-se de um homem em gozo pleno de suas faculdades mentais, lúcido e bem informado, mas enclausurado em sua surdez, isolado do mundo e das pessoas.
Quando meu pai morreu, aos 91 anos, eu decidi mudar esta narrativa. Herdei dele a mesma deficiência auditiva e resolvi não repetir a mesma história. Fui a uma médica otorrinolaringologista e fiz todos os exames possíveis e imagináveis que serviram para afastar a hipótese de que uma cirurgia poderia resolver meu problema.
Já naquela época eu usava todo tipo de subterfúgio para esconder minha surdez. Eram artifícios do tipo: sentar-me ao lado da pessoa mais importante da reunião para não perder nenhuma fala, fingir que tinha ouvido uma frase inteira para não ter que perguntar o que a pessoa havia dito, às vezes, pela terceira vez seguida. Rir de piadas cujos finais eu não havia escutado. Mudar de assunto só para não dar a entender que eu não tinha ouvido patavina do que a pessoa tinha me dito. Um sacrifício.
Chato mesmo era ter que ir a uma festa, ou frequentar um bar onde as pessoas ao lado estivessem conversando. Música de fundo, outro inferno, o barulho competia com o pouco que eu escutava e não dava para distinguir um som do outro. Some-se a isso o zumbido, um barulho intermitente que supera qualquer conversa. Cochichar comigo, então, era uma piada. Chateado com este alheamento, restou-me então a compra de um aparelho auditivo.
Tive a sorte de ter sido indicado para a fonoaudióloga Alessandra do Centro Auditivo AudioMAG que é uma profissional excelente e muito comunicativa. Ela tem o condão de abordar e eliminar todos os preconceitos que possam revestir uma decisão sobre o uso de um aparelho auditivo. Fiz um teste com um par de aparelhos e pude perceber quanto eu estava perdendo por não usá-los.
Eu optei pela compra de dois aparelhos. São caros, é bem verdade, e há um incômodo inicial que passa logo: Uns barulhos esquisitos, um pouco de microfonia e uma certa estridência com a qual eu já não estava acostumado. Mas o cérebro se encarrega de corrigir e atenuar os sons desnecessários. Logo eu consegui me acostumar a ouvir novamente.
Nesse processo eu recuperei a capacidade de conversar em qualquer ambiente (festa, coquetel, restaurante, onde for). Também pude aproveitar mais as aulas que eu frequentava. Por fim, recuperei um prazer há muito abandonado: Voltei a ouvir música e acompanhar todos os detalhes dos instrumentos, em especial, os da percussão, cuja percepção eu havia perdido há muito.
Falando sério, temos apenas cinco sentidos. Qualquer ordenação de importância que escolhamos, a audição vai estar sempre dentre os três primeiros. Não faz sentido abrir mão de um sentido tão importante por vaidade, preguiça ou economia.
Por isso, eu recomendo a qualquer um: Considere a possibilidade de adquirir um aparelho auditivo (bom) e faça isso o mais rápido possível, antes que a sua perda auditiva não possa ser contornada ou você esteja velho e chato demais para se acostumar com mais um aparelhinho indispensável no seu dia-a-dia.